Na mais famosa tragédia de Shakespeare, Hamlet, a única cênica cômica é a dos coveiros. Hamlet empunha caveiras nas mãos e se depara com a de Yorick, que foi o bobo da corte e alegrou sua infância. A imagem que mais representa a tragédia do velho bardo é de Hamlet com caveira erguida. Ou seja, o momento da tragédia que ficou imortalizado no imaginário é exatamente aquele no qual a comédia está destacada pela tragédia. Neste espetáculo, os palhaços buscam uma inversão, levantando imagens trágicas dentro do ambiente cômico.
Em diferentes quadros da peça, que têm uma sutil ligação entre si, os três palhaços se vêm diante da perda e da finitude para buscar saídas, cujo ângulo de visão busca fugir do trágico ou que, ao menos, contenha alguma esperança. Os três circulam em variadas abordagens como a de uma palestra motivacional sobre a vida eterna até outro quadro que traz um compêndio de diferentes maneiras de se suicidar. Em outro quadro, um palhaço se surpreende pelo encontro com o corpo de outro palhaço morto, descrevendo todas as suas impressões tragicômicas levadas ao absurdo da compreensão cômica sobre a vida. O público participa, feito por jogo de improviso, dando ideias sobre como a inversão dos ícones básicos da tragédia podem ser vistos, revistos e anarquizados pela comédia.
A Cabeça de Yorik é mais um resultado da pesquisa que os Parlapatões em torno da figura do palhaço e do bufão. A peça é mais das atividades do grupo Parlapatões, comtemplado pelo Programa de Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultura.
Texto e direção: Hugo Possolo Elenco: Hugo Possolo, Raul Barretto e Nando Bolognese Iluminação: Reynaldo Thomaz Som e Vídeo: Rodrigo Bella Dona Programação visual: Werner Schulz Comunicação e Assistência de Produção: Janayna Oliveira Produção Executiva: Erika Horn Coordenação Geral: Hugo Possolo e Raul Barretto Fotos: Luiz Doro e Janayna Oliveira Realização: Nadadenovo Produções Artísticas