O BURGUÊS FIDALGO

O BURGUÊS FIDALGO

(montagem 2013)

Parlapatões estreiam sua primeira encenação de Molière

Os Parlapatões, com mais de 40 comédias em sua trajetória e com diversos trabalhos feitos a partir da dramaturgia clássica, há muito estavam devendo uma montagem de um texto de Molière. A escolha de O Burguês Fidalgo está profundamente ligada ao momento histórico brasileiro e responde à visão crítica, sempre com humor, que o grupo sempre busca em suas encenações.

Contundente e perspicaz em relação à sociedade da época, e ainda muito atual, o texto de Molière fala diretamente das necessidades de uma classe em ascensão em sua desenfreada busca por prestígio social. O chamado “sonho burguês de nobreza” – desejo de uma classe dominada em ocupar o lugar da classe dominante – é retratada pelo Sr. Jordain, o burguês do título que, embora seja casado, tenta conquistar o amor de uma nobre para se projetar socialmente. Suas tentativas o expõem ao completo ridículo e revelam o quanto está cercado de interesseiros, que tiram proveito das ilusões que cria sobre si mesmo.

O gênio de Molière vai além da visão sobre o comportamento social e, por meio da força demolidora do humor, se volta para os conflitos sociais e políticos ocultos nas relações cotidianas na vida de um homem que se deixa enganar para ser aceito socialmente.

 

O Brasil Emergente com cara de Burguês Fidalgo

A tradução e adaptação de Adonis Comelato, Hugo Possolo e Rafael Fanganiello mantém o ambiente histórico, quando nobres e burgueses disputavam o domínio da sociedade para, sem fugir do tempo na qual a história é narrada, jogar com nossa realidade atual.

Para o diretor Hugo Possolo, a encenação permite “uma visão sobre um país emergente, que quer ser mais do que consegue. Mais que uma analogia de épocas, os Parlapatões pretendem brincar com as facetas risíveis de um Brasil que vive a fantasia de crescimento, sem resolver sequer seus problemas básicos.”

A peça ganha uma encenação festiva, com música ao vivo e espaço para os improvisos que caracterizam o grupo. Cada personagem da história é uma hipérbole dos tipos brasileiros contemporâneos em ascensão, revelando o quanto cada uma delas se deixa corromper na perspectiva de uma vida melhor.

A visão alegórica da encenação traz nos figurinos de Cássio Brasil como uma síntese do encontro de dois tempos, com trajes de época enfeitados com elementos contemporâneos, como fitas de vídeo e luvas cirúrgicas formando perucas, ou com porcas e parafusos se tornando bordados e enfeites luxuosos.

Do mesmo modo a música, na direção musical de Pedro Vilhena, traz uma fusão de canções conhecidas que retratam o ufanismo e também canções especialmente compostas por Comelato, Fanganiello, Possolo e Vilhena.

Nascido como uma comédia-balé, essa adaptação busca no burlesco sua vertente mais festiva e sensual, com coreografias de Rogério Maia.

Enfim, uma encenação divertida, festiva e alegre com a visão crítica e provocativa do humor parlapatônico.

 

Ficha Técnica

Texto: Molière
Direção: Hugo Possolo
Tradução e Adaptação: Adonis Comelato, Hugo Possolo e Rafael Fanganiello

Elenco: Hugo Possolo, Raul Barretto, Fabek Capreri,Alexandre Bamba, Lívia Camargo, Fernando Fecchio, João Paulo Bienemann, Fani Feldman e Débora Veneziani
Cantora: Dani Nega
Músico: Demian Pinto

Figurinos: 
Cássio Brasil
Trilha Sonora: Pedro Vilhena
Coreografia: Rogério Maia
Cenário: Hugo Possolo
Iluminação: Reynaldo Thomaz
Maquiagem: Fernando Fecchio
Assistente de Figurino: Ana Rillo e Luan Mello
Adereços: Tatiane Selio e Sônia Caetano
Modelagem e Costura de Figurino: Yrondy Moço Rillo e Silvia Castro
Costureiras de Figurino: Eunice Moreira Cruz e Marlene Colle
Estagiários de Figurino: Nathália Sucolotti e Bruna Teles
Equipe de pintura e acabamento de Cenografia: Amanda Yamada,
Elisa Soveral, Marina Rosas, Rafael Corsino e Wallace Kyoskys.
Costura de Cenário: Edneuma Silva e Amarildo Ferreira
Operação de Som e Luz: Reynaldo Thomaz
Vídeos: Zeca Rodrigues
Programação Gráfica: Werner Schulz

Produção Executiva: Erika Horn
Assistente de Produção e Comunicação: Janayna Oliveira
Coordenação de produção: Raul Barretto e Hugo Possolo

Realização: Parlapatões / Agentemesmo Produções Artísticas