Sardanapalo

Sardanapalo

(montagem 2001)

Foi duro explicar e muita gente não entendeu como se remonta uma peça com o mesmo grupo, com sete anos de intervalo, com outra cenografia, outra direção e cujo texto foi alterado em mais de um terço do que foi a primeira montagem. Alguns acreditavam que havíamos requentado nossa obra. Nossa intenção foi a de comemorar nossos dez anos com o espetáculo que deu projeção ao grupo em seu início de carreira. Enfim, o espetáculo mostrou-se vigoroso por si e revelou outras inquietações diferentes daquelas mostradas anos antes.

Hoje o espetáculo se mantém no repertório do grupo. Foi apresentado em diversos festivais nacionais e internacionais. Abaixo, diversas loucuras colocadas no programa, dois textos, glossário e um tanto de citações ótimas para se bancar o intelectual na frente de incautos:

Um Fato Histórico Existe?

Alguns historiadores defendem a existência da estátua de Sardanapalo. Poucos atestam que as tropas de Alexandre, o Grande, tenham passado por este monumento. E ninguém tem coragem de afirmar que ele tenha se detido pelo menos um segundo sequer diante dele. No entanto, é sobre este fato inexistente que trata a nossa peça.

Quem será Sardanapalo? Um rei bárbaro do Oriente? Uma mentira dos gregos? Uma expressão francesa utilizada por Molière em Dom Juan? Seria o imperador assírio Assurbanipal? Apenas uma estátua? Talvez um símbolo dos desejos humanos? Um inimigo do imperador Alexandre, o Grande?
Se, ao assistir o espetáculo, o espectador buscar estas respostas, corre o risco de sair frustrado. Sardanapalo, texto de Hugo Possolo, é a ficção sobre Alexandre conquistador parando para repensar sua vida diante desta improvável estátua.

Esta nova montagem, de um espetáculo que foi muito significativo em nossa trajetória, é feita em clima de festa.
Uma festa onde não interessa saber quem é o convidado Sardanapalo. Mas, sim, uma festa da qual possamos ir embora nos perguntando: o que significa Sardanapalo?

Parlapatões

Citaçõezinhas para o Grande

Para o compositor Caetano Veloso:
“Alexandre
De Olímpia e Filipe o menino nasceu, mas ele aprendeu
Que seu pai foi um raio que veio do céu.”

Para o jumento Coragem da Gameleira:
“Pra mim, Alexandre amava mesmo o Bucéfalo.”

Para o poeta Augusto dos Anjos:
“Quando, se o amor que a Humanidade inspira
É o amor do sibarita e da hetaíra,
De Messalina e de Sardanapalo?!”

Para porteiro Senhor Antônio:
“Não sei o que é esta porra de sardrans… O que cê disse mesmo?

Para Pantagruel, de François Rabelais:
“Lembrais que Alexandre, o Grande, tendo alcançado a vitória contra o rei Dário em Arbeles, presentes seus sátrapas, algumas vezes recusou audiência a um companheiro, depois em vão mil e mil vezes se arrependendo.”

Para o médico Doutor Adalberto:
“Não sei o que é esta porra de sardan… O que você disse mesmo?

O Olho Quando Enxerga

Acordei de um sonho intenso. Não foi exatamente um pesadelo. Resolvi que passaria enxergar o mundo com outros olhos. Mais tarde dei o nome a isto de maturidade. Tinha, então, o desejo de me apresentar na rua e nenhuma coragem. Resisti e briguei muito comigo até conseguir.

Foi o que determinou a mudança em meu curso artístico e também de vida. Neste mesmo período, escrevi a primeira versão de Sardanapalo.
Ali, mergulhei no conflito proposto do homem Alexandre, o Grande, com sua determinação em conquistar o mundo ao se deparar com a estátua de Sardanapalo, cujo epitáfio dizia que aquele esforço de nada valia.
A dramaturgia foi desenvolvida a partir da análise do filósofo francês Alain Grosrichard sobre tela La Mort de Sardanapale, de Eugéne Delacroix, que retrata os últimos momentos da vida de um suposto imperador assírio.

Descobri na vida do imperador macedônio Alexandre, o Grande, um personagem fascinante e ao mesmo tempo assustador em sua obstinação.

Um ano após a estréia da primeira montagem de Sardanapalo, em 93, tomei conhecimento de um texto teatral de Lord Byron sobre Sardanapalo. Diante da versão do poeta inglês, uma tragédia que trata exclusivamente da vida de Sardanapalo, resolvi reescrever a minha comédia.

Hoje, em 2001, a retomada deste texto pelos Parlapatões gerou uma oitava versão.

Espero que esta também não seja a definitiva, pois o que antes tinha um sentido muito pessoal, acabou ganhando outra dimensão. Abri os olhos para uma perspectiva coletiva, de um teatro menos psicológico e mais Épico. Um teatro que possa, através do humor e das brincadeiras parlapatônicas, ajudar as pessoas a enxergarem o mundo com olhos de palhaços.

Hugo Possolo

Ficha Técnica

(montagem 2001)

Uma Comédia Dionisíaca

Texto e Direção:
Hugo Possolo

Elenco:
Raul Barretto , Hugo Possolo, Claudinei Brandão, Pedro Guilherme

Músico: Eduardo Contrera
Contra-regra: Marcelo Selingardi
Direção Musical: Abel Rocha
Trilha Original e Arranjos: Abel Rocha e Miguel Briamonte
Figurinos: Adriana Vaz Ramos
Cenário: Hugo Possolo
Iluminação: Marcos Loureiro
Adereços: Fernando Leite
Pintura dos Telões: Luiz Frúgoli
Pint. do Inflável: Eduardo Gonçalves de Aguiar
Efeitos Especiais: Orlando Brandão
Boneco Sardanapalo: Adrián Maurício, Armando Júnior e Ciça Maria
Costura dos Figurinos: Cleide Niwa
Costura do Cenário: Rosa Rodrigues e Lourdes Lima
Programação Visual: Werner Schulz
Fotos: Luiz Doro
Comunicação: Vivian Dozono
Produção Executiva: Cristiani Zonzini
Secretária: Janayna Oliveira
Realização:
PARLAPATÕES, Patifes & Paspalhões, da Cooperativa Paulista de Teatro.

Equipe para viagens
A equipe é composta por 07 pessoas, não inclusos os motoristas.
No Estado de São Paulo:
Uma Van leva a equipe. O cenário será transportado num caminhão baú Modelo 608 ou equivalente.
Para viagens a outros Estados: A equipe de transporte aéreo e a carga em caminhão baú Modelo 608 ou equivalente.
Viagens ao Exterior: Transporte aéreo para equipe e carga.

Dimensões

Palco
Boca de Cena com pelo menos 6m. Profundidade de pelo menos 7m.
Cenário
500kg.
Carga transportada 06 (seis) baús com 1,10m x 0.60m x 0.60m. 01 (uma) embalagem de 2,10m x 0,20m x 0,20m amarrada em uma cadeira de rodas 01 lona de 9m x 9m, dobrada e amarrada pesando 100 Kg 03 cases para instrumentos de percussão de 0,70m x 0,60 m x 0,60m
Tempo de montagem: 10 horas.
Tempo de desmontagem: 3 horas.

Equipamentos Necessários

Rider Técnico

Equipamento necessário para a realização do espetáculo:

SOM
• 01 Aparelho de MD, com a função auto-pause disponível, ligado no palco.
• Amplificação suficiente para as dimensões do teatro com 02 caixas de retorno e no mínimo 02 para o pœblico.

LUZ
• 40 Refletores de 1000 W P.C. (Pode ser Telen). · 40 Refletores de 1000 W Par 64 – Foco 5. · 12 Elipsoidais. · 06 set lights.

PRODUÇÃO LOCAL
No sentido de agilizar o processo de montagem, solicitamos à produção local que providencie os seguintes itens com antecedência:
• 02 (Seis) caixotes de aproximadamente 0,40m x 0,40m x 0,50m.
• 12 (doze) cadeiras e 01 (uma) araras para figurino.
Observação: as cadeiras e as araras serão usadas para contra-regragem dos figurinos e adereços, nas coxias.
• Um garrafão de vinho que será servido ao público durante uma cena.
• Um repolho roxo pequeno.
• 02 (duas) sacas de serragem (tipo cavaco) que serão utilizadas para o cenário cobrindo parte do piso do palco.
• Corda suficiente para que os telões do cenário possam ser maquinados.
• 01 (uma) Máquina de fumaça F-100.
• Água mineral para elenco e equipe técnica.
• 01 folha de compensado de 10 mm (pode ser maderit) que será utilizado para atirar facas. Medida: 120cm x 160cm