Dias 6 e 7 de abril de 2024 – 17h
Parque Augusta
A Ocupação Decameron, chega à sua sétima e oitava jornada, com a participação de dois grupos artísticos convidados: a Banda Bolero Freak e a Banda Angeli. Nas apresentações anteriores, como a participação foi de grupo teatrais, cada um contou cinco histórias por dia, que somadas às cinco por dia dos Parlapatões, resultavam em dez histórias cada vez. Seguindo o ambiente da obra Decameron, de Giovanni Boccaccio, na qual dez jovens contavam dez histórias por dia, até completarem cem histórias, adotamos também um formato que, ao final de cada dia, esse grupo de pessoas cantava canções e recitavam poemas.
Tudo no livro clássico visava que aqueles jovens atravessassem o período da Peste, protegidos e afastados do perigo, usufruindo de suas vidas nobres e privilegiadas. Aqui em nossa realidade brasileira, na qual a pandemia se fundiu na gravidade do negacionismo e no descuido de um governo fascista, o enfretamento e defesa da arte e da Cultura se deu pela internet e vários modelos de expressão apresentadas virtualmente.
Para mostrar um pouco do que passamos nesse período as duas jornadas que trazemos agora trazem além de histórias encenadas em peças de curto tempo, também poemas e canções que, de uma maneira ou de outra, simbolizam tanto o rito narrado nas jornadas de Boccaccio quanto na resistência e resiliência dos artistas ante a constante criminalização da arte feita pela campanha da extrema direita.
A poesia e a liberdade, cantadas no Parque Augusta, têm forte significado para os Parlapatões que lutaram junto a diversos coletivos e a população do entorno que o local se tornasse o lindo parque que hoje é. A Ocupação Decameron, nesse momento, ultrapassa os limites de seu projeto incial para celebrar com arte o sentido político de nossas existências.
Histórias da Sétima Jornada
Dia 6 de abril de 2024
Abertura musical
Música de composição coletiva da banda Bolero Freak.
Banda faz abertura musical e recebe o cortejo do elenco parlapatônico chegando ao Parque.
Boccacião e Dona Bulbônia
Adaptação de Hugo Possolo da abertura do Principe Galeoto na obra Decameron, de Giovanni Boccaccio.
Bocaccião e Dona Bulbônia se apresentam ao público, como narrador e a ameaçadora Peste, fazendo um paralelo entre o comportamento da população de Florença, descrito por Giovanni Boccaccio na abertura de Decameron, e o comportamento contemporâneo no mundo inteiro e, especialmente no Brasil diante da Covid 19. Revela-se que existem muito mais similaridades que diferenças.
Groove em Atibaia (Bolero Freak)
Canção de composição coletiva da banda
Uma sátira a um passeio bucólico até a cidade de Atibaia.
Casamento
Adélia Prado
Poema sobre a madrugada na vida de um casal falado por Fernanda Cunha.
Cordel Estradeiro
Versos de Lirinha do Cordel do Fogo Encantado
Épico de enfretamento dos corpos com performance de Leandro Vieira, incluindo trechos da canção O que se cala conhecido na voz de Elza Soares, composição de .
A Gota D’Água
Paulo Ponte e Chico Buarque de Holanda
Trecho da peça no qual a personagem Medeia prepara os unguentos de sua vingança por Camila Turin.
Dez chamamentos ao amigo
Hilda Hilst
Versos eróticos carregados de ironia falados por Andreas Mendes.
Café (Bolero Freak)
Canção de Daniel Lotoy
Sabia como um simples um pó muda a vida das pessoas.
Derrubando tudo (Bolero Freak)
Canção de Daniel Lotoy
Sempre tem alguém que acha que está tudo estável e desestabiliza tudo ao seu redor.
Nascimento
Canção de Raul Barretto
Coco de embolada feito pelo Parlapatão Raul Barretto para a apresentação de sua personagem Seu Quirico em U Fabuliô, peça de Hugo Possolo, escrita a partir de fabliaux, contos pornográficos franceses da Idade Média.
O Fogo (Bolero Freak)
Canção de Daniel Lotoy
Pensamentos sobre a relação entre o ardor e o amor.
Fronteiras (Bolero Freak)
Canção de Hugo Possolo e Zeca Baleiro
Como os muros são utilizados pelo poder como arma para separar pessoas e culturas.
Como é bom ser simples (Bolero Freak)
Canção de Bento Mello, Branco Mello e Hugo Possolo
Os incômodos do cidadão que quer somente uma vida simples diante dos abusos de um governo fascista.
Trancados
Tadeu Pinheiro
O ator dos Parlapatões fala seus versos sobre a pandemia.
Ainda assim eu me levanto
Maya Angelou
A poeta preta traz o lirismo da resiliência e enfretamento à discriminação na voz de Mawusi Tulani.
Reconvexo (Bolero Freak)
Canção de Caetano Veloso
Uma conhecida resposta poética de Caetano às agressões ao povo baiano e à Maria Bethânia feitas em um artigo escrito por Paulo Francis.
Hey Júlia (Bolero Freak)
Canção de Daniel Lotoy
Brincadeira musical, com citação incidental, da canção dos Beatles Hey Jude.
Histórias da Oitava Jornada
Dia 07 de abril de 2024
Abertura – Chiclete com Banana
Canção de Gordurinha e Almira Castilho
As mulheres parlapatônicas iniciam a encenação anunciando a mistura de linguagens da tarde, teatro e música. Canção sucesso de Jackson do Pandeiro e que se tornou referência do Tropicalismo na voz de Gilberto Gil, abre a jornada marcando o espírito antropofágico que a encenação pretende.
Revoada ao entardecer
Airton Nascimento
Uma pobre mulher muito rica faz uma live antes de ir para Nova Iorque para fugir da pandemia.
Linguagem Neutra
Luh Mazza
Durante a gravação de um programa duas mulheres Cis discutem a linguagem neutra.
República dos Bananas
Angeli, Branco Mello, Émerson Villani e Hugo Possolo
Canção da peça Parlapatões Revistam Angeli, gravada pelos Titãs, que a partir da tira de mesmo nome, de Angeli, que satiriza da diversidade de pessoas que estão ou poderiam estar nas chamadas colunas sociais.
Geografia do amor
Andreas Mendes
De São Paulo, uma mulher fala estatisticamente sobre sua dimensão do mundo.
Nascimento
Canção de Raul Barretto
Coco de embolada feito para a descrição do personagem Seu Quirico em U Fabuliô, texto de Hugo Possolo escrito a partir de fabliaux, contos pornográficos franceses da Idade Média.
Duas coisas que adoro e uma que odeio
Angeli, Branco Mello, Émerson Villani e Hugo Possolo
Canção da peça Parlapatões Revistam Angeli, que critica, a partir das preferências do autor Angeli, como os pensamentos cotidianos mais banais permitem entender infinitas visões de mundo.
Motoboy
Nado Cappucci
O encontro de dois mundos na entrega de uma pizza durante a pandemia.
Ainda assim eu me levanto
Maya Angelou
A poeta preta traz o lirismo da resiliência e enfretamento à discriminação na voz de Mawusi Tulani.
Lugar Nenhum
Arnaldo Antunes, Marcelo Former, Sérgio Britto, Charles Gavin e Tony Belotto
Famosa canção dos Titãs que trata da identidade e pertencimento das diversas culturas espalhadas pelo Brasil.
Ficha Técnica
Concepção do projeto Decameron: Camila Turim
Direção Geral: Hugo Possolo
Dramaturgismo: Camila Turim
Elenco: Andreas Mendes, Camila Turim, Fernanda Cunha, Hugo Possolo, Leandro Vieira, Mawuzi Tulani, Raul Barretto e Tadeu Pinheiro
Equipe da Ocupação Decameron:
Pesquisa e trilhas sonoras: Deivison Nunes
Manipulação e teatro de animação: sob a direção de Wanderley Piras, com participantes da Oficina de Teatro de Animação do projeto na fase Prepara Decameron e convidadas: Juliana Moraes, Juliany Pessoa e Marina Atra.
Canto: com arranjo e coordenação de Renata Versolatto, participantes da Oficina de Canto do projeto na fase Prepara Decameron: Caroline do Amaral, Felipe Beraldo, Isadora Rodrigues, Kika Lemos, Larissa Leão, Marcos Pê, Marina Atra, Marlon Severo e Tatá. Acompanhados pelo músico convidado especial: Leo Versolatto
Recuperação, preservação, pesquisa de acervo de figurinos e elaboração criativa na Ocupação Decameron: Fernando Fechio.
Estudo de Figurinos: Adriana Vaz e elenco.
Assistente de Figurino: Felipe Cabral e Letícia Gomide
*Na Ocupação Decameron estamos trabalhando em Figurinos com criações próprias, bem como trabalho de outros figurinistas, nos utilizando do acervo Parlapatões como também de acervo do elenco. Tudo feito no estilo agentemesmo fashion style.
Fotos: Luis Doroneto
Captação Audiovisual: Polvo
Câmeras: Sol Faganello, Nina Brito e Deivison Nunes
Edição: Deivison Nunes
Designer gráfico: Werner Schulz
Assessoria de Imprensa: Fernanda Couto
Redes Sociais: Camila Turim
Administração Espaço Parlapatões: Isadora Tucci
Assistência de Produção Espaço Parlapatões: Camila Cavicchioli
Responsável técnico Espaço Parlapatões: Vitor Morpanini
Assistência de produção: Camila Cavicchioli
Produção Executiva: Isadora Bellini e Isadora Tucci
Produção: Cristiani Zonzini
Coordenação de produção: Hugo Possolo e Raul Barretto
Realização: Nada de Novo Produções Artísticas / Parlapatões
Projeto contemplado pela 39ª edição do Programa de Fomento ao Teatro da cidade de São Paulo.
Decameron:
Ocupação das ruas em criação
compartilhada com o público
O Projeto Decameron busca trazer ao público a essência dos Parlapatões com duas ações: a Ocupação Decameron e a peça Decameron. A Ocupação Decameron traz intervenções de rua, que resgatam a dimensão do teatro popular com base em uma obra clássica, que culminará no novo espetáculo do grupo, a peça Decameron.
Celebrando 33 anos de uma trajetória, os Parlapatões reúnem na Ocupação Decameron mais de 120 artistas, entre diretores, dramaturgos, bandas musicais como Bolero Freak, Banda Angeli, Renata Versolatto e grupos parceiros, como Satyros, Cia. As Moças e Os Crespos, para encenar cem histórias, em dez apresentações nas ruas de São Paulo. O projeto ocupa a Praça Roosevelt, o Parque Augusta e as escadarias do Theatro Municipal, nos finais de semana (sábados e domingos), entre 16 de março e 14 de abril. A Ocupação Decameron é uma realização do grupo pelo Programa de Fomento ao Teatro da cidade de São Paulo.
Inspirado na obra de Giovanni Boccaccio, O Decameron, que aborda cem histórias em dez jornadas, contadas durante o período da Peste Bulbônica, iniciada em 1348. Com analogia direta com a recente pandemia de Covid, o projeto aborda tanto as novelas de Boccaccio quanto histórias contemporâneas.
O intenso processo de experimentação artística e de criação colaborativa junto ao público inclui diversas autorias e deságua na nova peça dos Parlapatões, de título homônimo, Decameron. Com direção de Hugo Possolo e dramaturgismo de Camila Turim, a montagem estreia em 26 abril no Espaço Parlapatões, com ingressos a preços populares. A peça busca sintetizar antropofagicamente a pesquisa e todas as experimentações da Ocupação Decameron e inclui visões trocadas na interlocução com os temas, grupos e artistas convidados.
Os dez dias da Ocupação Decameron representam uma ação concreta na relação histórica dos Parlapatões com o teatro de rua e com o entorno de sua sede, reafirmando o significado democrático dos espaços públicos da cidade.
As histórias contadas pelos Parlapatões
Cabe aos Parlapatões contarem cinco histórias em cada dia e o grupo convidado outras cinco. Partimos tanto de adaptações diretamente feitas da obra de Boccaccio quanto textos contemporâneos. Parte dos textos contemporâneos foram feitos especialmente para o grupo na edição do Festival de Peças de UM MINUTO realizado em 2020 durante a pandemia. Foram peças apresentadas on line ao vivo do palco do Teatro Porto Seguro, envolvendo mais 40 dramaturgos e 10 diretores convidados, que na Ocupação Decameron ganham nova versão para teatro de rua.
A Bolero Freak e os Parlapatões
A banda Bolero Freak nessa interação com os Parlapatões, que nasce na montagem de O Rei da Vela e tem sequência na presença constante da banda na Missa do GaLHo e nos shows realizados no palco do Espaço Parlapatões. Para além das fronteiras e gêneros musicais, explorando com muito amor e sarcasmo a musicalidade e os dilemas da geração desse início de milênio. A partir de elementos que marcaram época, ecoando nas demais gerações, abrem espaço musical para o riso e reflexão. Inspirados por Caetano, Gil, Mutantes e outros, a banda combina carimbó, ijexá, axé, rock progressivo, pop rock e funk americano e brasileiro. Com Daniel Lotoy (voz), Renato Leite (baixo), Abner Paul (bateria) e Evandro Ferreira (guitarra) a banda convida a plateia a dançar e refletir. A improvisação e o jogo cênico entre os músicos e o público tornam cada espetáculo uma experiência única.
Da Sioux 66 à Banda Angeli