DITO E FEITO
Em 2023, os Parlapatões estrearam dito e feito, no Espaço Parlapatões.
dito e feito fala do universo dos bebês visto pela palhaçaria com uma abordagem delicada, particular e divertida: as descobertas da primeira infância, do momento do nascimento até a percepção de suas emoções.
Observando como os bebês constituem seus fatores cognitivos e motores, suas brincadeiras e percepções do mundo, os Parlapatões desenvolveram uma encenação na qual os palhaços partem dos mesmos princípios para estabelecer a sua comicidade. Em cena três palhaços enfrentam desafios e medos, brincando com a fase de descobertas e aprendizagem.
Um espetáculo onde esses mundos se cruzam para gerar boas gargalhadas, principalmente pela identificação direta de mães e pais de bebês com as situações vividas em cena.
dito e feito busca retratar o lado cômico do comportamento dos bebês. É um reflexo de como nós, humanos, iniciamos nossa compreensão do mundo, com o objetivo de rirmos das nossas incapacidades básicas e identificação com a beleza de nossas imperfeições.
O ponto de partida de dito e feito foi a vivência recente do autor do roteiro, Hugo Possolo, com seu filho Leon, que tinha quatro anos na época. Das observações de como seu bebê fez e faz suas descobertas, de como busca se adequar ao mundo e adequar o mundo a si, Possolo percebeu um aspecto essencial que os palhaços têm para estabelecer a comicidade.
“O medo constante que os bebês geram nos pais sobre os riscos que correm com quedas e tombos, a maneira como estabelecem as falas e suas primeiras palavras e frases, geram no adulto a visão de que sabem o que pode acontecer. Os adultos se colocam na postura de evitar acidentes previsíveis, mas muitas vezes aprendem junto com os filhos antes de ensinar.”
O mote de dito e feito é mostrar o quanto os adultos podem lidar melhor com seus próprios medos, permitir as descobertas da primeira infância e, principalmente, mostrar como as brincadeiras podem estimular o desenvolvimento dos filhos.
A nova montagem parlapatônica conta com a parceria de Wem, na composição trilha sonora original, integrada à cena, onde coreografias cômicas narram as situações vividas pelos palhaços/bebês. Wen é compositor e músico do Tiquequê, grupo musical com grande repercussão entre as crianças, que vem dedicando suas composições ao universo infantil.
Assim como o título diz, dito e feito é um roteiro de ações de palhaçaria que pretende brincar com a expectativa do público de todas as idades que, ao assistirem as ações, já sabem as consequências delas. O risível nasce como um jogo de previsões óbvias, que nem sempre se completam como imaginado.
Inspirados pela maneira como as crianças crescem e aprendem durante os primeiros anos da sua vida, dito feito não tenta entender nem explicar o desenvolvimento da chamada primeira infância, mas trazer ações e gestos com potência cômica para cena. O entendimento passa por saber que esse primeiro momento da vida de todos nós, é marcado por um padrão de mudanças que ocorrem à medida que a criança desenvolve a capacidade de ter um pensamento mais complexo e sofisticado e a capacidade de raciocínio, de comunicar mais claramente, de se movimentar mais livremente e aprender a ser social e a controlar as suas emoções.
“Não à toa, é exatamente essa a constituição do arquétipo do palhaço, em especial, na sua ingenuidade. Em geral, se associa o palhaço às crianças, não somente como público, mas como comportamento, justamente por que o desenvolvimento físico, cognitivo, linguístico e socioemocional das crianças é elemento fundamental da síntese de expressões delas. A arte da palhaçaria não tem origem se voltar a esse público, porém após o advento da indústria cultural, com o cinema e depois a televisão, os palhaços passaram a ter simbologia ligada diretamente à infância”, reforça Possolo.