Água Fora da Bacia
Água Fora Da Bacia foi encomendada pelo grupo ao jornalista e dramaturgo Avelino Alves, como parte da pesquisa sobre a Idade Média que os Parlapatões desenvolveram em de 1999 a 2001, no Projeto Pantagruel, com foco na dramaturgia.
Para o Projeto cada texto tinha um tema, deste era o adultério. Avelino sugeriu ao grupo um mergulho no universo de outro autor do Renascimento, que fez tão abrangente levantamento sobre a Idade Média quanto Rabelais, o italiano Giovanni Boccaccio.
Água Fora Da Bacia sintetiza e mistura algumas das jornadas do Decamerão, em que dez pessoas fugindo da peste se escondem e contam cem histórias, subdivididas em dez jornadas, para passar o tempo. Da nona jornada nasceu esta farsa que debochava de uma visão feminina sobre o adultério.
Na peça, contava-se a história de uma mulher (Peronela) que, maltratada pelo marido (Prepúcio), decidia traí-lo com um padre (Gianelo). O marido, ao descobrir, se fazia passar pelo diabo para se vingar. A vingança acabava por lhe revelar suas falhas e a farsa era desfeita com a sua morte, provocada pelo padre.
A encenação colocava mais de um ator fazendo cada personagem de modo a subdividir as várias facetas da farsa, revelando os pensamentos dos personagens e até mesmo o dos atores. As situações eram mostradas também por bonecos que manipulados pelos personagens, expunham o modo como estes conduziam seus sentimentos.
Com música ao vivo, que se relacionava inclusive com a improvisação proposta pela farsa, tornava os músicos parte integrante de cada personagem, ajudando a dar entendimento às várias camadas com as quais se faziam as situações.
Além de seu enriquecedor papel no Projeto, apoiado na dramaturgia, foi um experimento de interpretação vivo que dialogava com o público todas as etapas que um ator passa na construção de um personagem farsesco.