Dia 13 de abril de 2024 – 17h
Praça Roosevelt

As duas últimas apresentações da Ocupação Decameron já indicam muito do que vai vir a ser a peça Decameron. A participação de dois grupos artísticos convidados: a Banda Bolero Freak e dupla formada por Renata Versolatto e Leo Versolatto, que fecham um ciclo com a mescla fundamental do projeto, a interação entre música, poesia e teatro.

A Nona Jornada, penúltimo dia do processo, traz novamente o espírito de desfechos das Jornadas do livro de Boccaccio, nas quais os dez jovens que contavam as histórias, finalizavam a tarde recitando poemas e entoando canções. Com as canções da Bolero Freak e a nossa seleção de poemas e canções contemporâneas, entre autorais e de compositores conhecidos, transitamos por nossas inquietações de como foi e é difícil enfrentar o negacionismo e o fascismo, de como tivemos que defender o pensamento livre, a Artes e a Ciência, diante dos elogios à ignorância que vem crescendo cada vez mais em nosso país.  Como poética de resistência trazemos à cena, na rua, manifestos épicos e líricos, divertidos acima de tudo, para zombar da mistura de religião e política que vem assolando o Brasil com suas tentativas de imposição de seus moralismos retrógados.

A Décima Jornada, para celebrar o encerramento da Ocupação Decameron, trouxemos a importante parceria da cantora Renata Versolatto, acompanhada por Leo Versolatto, para dividir com uma seleção de histórias que já estão sendo trabalhadas para a peça Decameron, em suas versões mais avançadas e a estreia mais uma história adaptada da obra de Boccaccio. Tudo para que o clima de festa tome conta da Praça Roosevelt e retome a conexão permanente que os Parlapatões sempre tiveram com sue entorno e que foi abalada pela pandemia da Covid, pelo abandono do poder público municipal aos espaços públicos de convivência e pela ameaça do fascismo apoiado pelas milícias, por algumas igrejas evangélicas e pelo tráfico de drogas.

Histórias da Nona Jornada

Dia 13 de maio de 2024

 

Abertura musical
Música de composição coletiva da banda Bolero Freak.

Banda faz abertura musical e recebe o cortejo do elenco parlapatônico chegando ao Parque.

 

Boccacião e Dona Bulbônia
Adaptação de Hugo Possolo da abertura do Principe Galeoto na obra Decameron, de Giovanni Boccaccio.

Bocaccião e Dona Bulbônia se apresentam ao público, como narrador e a ameaçadora Peste, fazendo um paralelo entre o comportamento da população de Florença, descrito por Giovanni Boccaccio na abertura de Decameron, e o comportamento contemporâneo no mundo inteiro e, especialmente no Brasil diante da Covid 19. Revela-se que existem muito mais similaridades que diferenças.

 

Groove em Atibaia (Bolero Freak)
Canção de composição coletiva da banda

Uma sátira a um passeio bucólico até a cidade de Atibaia.

Casamento
Adélia Prado

Poema sobre a madrugada na vida de um casal falado por Fernanda Cunha.

Cordel Estradeiro
Versos de Lirinha do Cordel do Fogo Encantado

Épico de enfretamento dos corpos com performance de Leandro Vieira, incluindo trechos da canção O que se cala conhecido na voz de Elza Soares, composição de .

A Gota D’Água
Paulo Ponte e Chico Buarque de Holanda

Trecho da peça no qual a personagem Medeia prepara os unguentos de sua vingança por Camila Turin.

Dez chamamentos ao amigo
Hilda Hilst

Versos eróticos carregados de ironia falados por Andreas Mendes.

Café (Bolero Freak)
Canção de Daniel Lotoy

Sabia como um simples um pó muda a vida das pessoas.

 

Derrubando tudo (Bolero Freak)
Canção de Daniel Lotoy

Sempre tem alguém que acha que está tudo estável e desestabiliza tudo ao seu redor.

 

Nascimento
Canção de Raul Barretto

Coco de embolada feito pelo Parlapatão Raul Barretto para a apresentação de sua personagem Seu Quirico em U Fabuliô, peça de Hugo Possolo, escrita a partir de fabliaux, contos pornográficos franceses da Idade Média.

 

O Fogo (Bolero Freak)
Canção de Daniel Lotoy

Pensamentos sobre a relação entre o ardor e o amor.

 

Fronteiras (Bolero Freak)
Canção de Hugo Possolo e Zeca Baleiro

Como os muros são utilizados pelo poder como arma para separar pessoas e culturas.

Como é bom ser simples (Bolero Freak)
Canção de Bento Mello, Branco Mello e Hugo Possolo

Os incômodos do cidadão que quer somente uma vida simples diante dos abusos de um governo fascista.

 

Trancados
Tadeu Pinheiro

O ator dos Parlapatões fala seus versos sobre a pandemia.

 

Ainda assim eu me levanto
Maya Angelou

A poeta preta traz o lirismo da resiliência e enfretamento à discriminação na voz de Mawusi Tulani.

 

Reconvexo (Bolero Freak)
Canção de Caetano Veloso

Uma conhecida resposta poética de Caetano às agressões ao povo baiano e à Maria Bethânia feitas em um artigo escrito por Paulo Francis.

 

Hey Júlia (Bolero Freak)
Canção de Daniel Lotoy

Brincadeira musical, com citação incidental, da canção dos Beatles Hey Jude.

Histórias da Décima Jornada

Dia 14 de abril de 2024

 

Abertura musical – A Cura
Canção de Lulu Santos

Renata Verolatto, Leo Versolatto e coro com integrantes da Oficina de Voz do Prepara Decameron, recebe o público e anuncia o recebe o cortejo parlapatônico chegando à Praça, vindo do Espaço Parlapatões.

 

O Jardineiro Mudo e/ou As Freirinhas
Adaptação de Hugo Possolo da 1ª Novela da 3ª Jornada, O Decameron, de Giovanni Boccacio.

O Velho Massetto conta a sua história, a do Jovem Massetto, que se faz passar por mudo para trabalhar em um Convento. As freiras começam a ter casos com ele até que ele não dá conta.

 

A mentira sobre as tempestades de 2009 e as das previsões epistemológicas em um Minuto
Michele Ferreira

 

Prepúcio, Peronella e Gianello
A partir de
Água Fora da Bacia

Avelino Alves
com adaptação de Hugo Possolo da 2ª Novela da 7ª Jornada de O Decameron, de Giovanni Boccacio.

Prepúcio, um homem ingênuo, é enganado pelo Padre Gianello que mantém um caso com sua esposa. Peronella toma o controle da situação, virando o jogo.

Circuladô de Fulô
Canção de Caetano Veloso

Os desafios da existência, a seca a fé, dos versos de Caetano na voz de Renata Verolatto,

 

Bartolomeia e seus disfarces
Adaptação de Hugo Possolo, da 8ª Novelas da 6ª Jornada, da 6ª Novela da 7ª Jornada, citando várias outras de O Decameron, de Giovanni Boccacio.

Bartolomeia conta suas desventuras nascidas de sua admiração por Nicolosa. Bartolomeia inventa disfarces para dar soluções aos seus problemas. Acaba por se confundir um pouco e, por vezes, erra o disfarce, mas sua sagacidade resolve tudo ao final.

 

Motoboy
Nado Cappucci

O encontro de dois mundos na entrega de uma pizza durante a pandemia.

 

Não Existe Amor em SP
Canção de Criolo

Renata Versolatto e coro cantam os versos que traduzem a sensação permanente de exclusão de quem vive na grande metrópole.

 

Linguagem Neutra
Luh Mazza

Durante a gravação de um programa, duas mulheres Cis discutem a linguagem neutra.

 

A História de Andreuccio
Adaptação de Hugo Possolo da 5ª Novela da 2ª Jornada de O Decameron, de Giovanni Boccacio.

O jovem e arrogante napolitano Andreuccio, mercador de cavalos vai à cidade de Florença, onde acredita ter encontrado uma irmã que desconhecia. Sua vida só piora a cada golpe que cai na cidade até que consegue fazer seu próprio milagre.

 

Asteroide
Jô Bilac

Poema narra a trajetória de um asteroide que vem de encontro à terra.

 

Amarelo
Canção de Emicida

Elenco, coro e Renata Verolatto encerram com canção de Emicida que marcou pandemia da Covid 19 como símbolo de ressignificação e necessária reparação histórica.

Ficha Técnica

Concepção do projeto Decameron: Camila Turim

Direção Geral: Hugo Possolo

Dramaturgismo: Camila Turim

Elenco: Andreas Mendes, Camila Turim, Fernanda Cunha, Hugo Possolo, Leandro Vieira, Mawuzi Tulani, Raul Barretto e Tadeu Pinheiro

 

Equipe da Ocupação Decameron:

Pesquisa e trilhas sonoras: Deivison Nunes 

Manipulação e teatro de animação: sob a direção de Wanderley Piras, com participantes da Oficina de Teatro de Animação do projeto na fase Prepara Decameron e convidadas: Juliana Moraes, Juliany Pessoa e Marina Atra.

Canto: com arranjo e coordenação de Renata Versolatto, participantes da Oficina de Canto do projeto na fase Prepara Decameron: Caroline do Amaral, Felipe Beraldo, Isadora Rodrigues, Kika Lemos, Larissa Leão, Marcos Pê, Marina Atra, Marlon Severo e Tatá. Acompanhados pelo músico convidado especial: Leo Versolatto

Recuperação, preservação, pesquisa de acervo de figurinos e elaboração criativa na Ocupação Decameron: Fernando Fechio.

Estudo de Figurinos: Adriana Vaz e elenco.

Assistente de Figurino: Felipe Cabral e Letícia Gomide

*Na Ocupação Decameron estamos trabalhando em Figurinos com criações próprias, bem como trabalho de outros figurinistas, nos utilizando do acervo Parlapatões como também de acervo do elenco. Tudo feito no estilo agentemesmo fashion style.

 

Fotos: Luis Doroneto
Captação Audiovisual: Polvo
Câmeras: Sol Faganello, Nina Brito e Deivison Nunes
Edição: Deivison Nunes
Designer gráfico: Werner Schulz
Assessoria de Imprensa: Fernanda Couto
Redes Sociais: Camila Turim

Administração Espaço Parlapatões: Isadora Tucci
Assistência de Produção Espaço Parlapatões: Camila Cavicchioli
Responsável técnico Espaço Parlapatões: Vitor Morpanini

Assistência de produção: Camila Cavicchioli
Produção Executiva: Isadora Bellini e Isadora Tucci
Produção: Cristiani Zonzini
Coordenação de produção: Hugo Possolo e Raul Barretto
Realização: Nada de Novo Produções Artísticas / Parlapatões

Projeto contemplado pela 39ª edição do Programa de Fomento ao Teatro da cidade de São Paulo.

Decameron:
Ocupação das ruas em criação
compartilhada com o público

O Projeto Decameron busca trazer ao público a essência dos Parlapatões com duas ações: a Ocupação Decameron e a peça Decameron. A Ocupação Decameron traz intervenções de rua, que resgatam a dimensão do teatro popular com base em uma obra clássica, que culminará no novo espetáculo do grupo, a peça Decameron.

Celebrando 33 anos de uma trajetória, os Parlapatões reúnem na Ocupação Decameron mais de 120 artistas, entre diretores, dramaturgos, bandas musicais como Bolero Freak, Banda Angeli, Renata Versolatto e grupos parceiros, como Satyros, Cia. As Moças e Os Crespos, para encenar cem histórias, em dez apresentações nas ruas de São Paulo. O projeto ocupa a Praça Roosevelt, o Parque Augusta e as escadarias do Theatro Municipal, nos finais de semana (sábados e domingos), entre 16 de março e 14 de abril. A Ocupação Decameron é uma realização do grupo pelo Programa de Fomento ao Teatro da cidade de São Paulo.

Inspirado na obra de Giovanni Boccaccio, O Decameron, que aborda cem histórias em dez jornadas, contadas durante o período da Peste Bulbônica, iniciada em 1348. Com analogia direta com a recente pandemia de Covid, o projeto aborda tanto as novelas de Boccaccio quanto histórias contemporâneas.

O intenso processo de experimentação artística e de criação colaborativa junto ao público inclui diversas autorias e deságua na nova peça dos Parlapatões, de título homônimo, Decameron. Com direção de Hugo Possolo e dramaturgismo de Camila Turim, a montagem estreia em 26 abril no Espaço Parlapatões, com ingressos a preços populares. A peça busca sintetizar antropofagicamente a pesquisa e todas as experimentações da Ocupação Decameron e inclui visões trocadas na interlocução com os temas, grupos e artistas convidados.

Os dez dias da Ocupação Decameron representam uma ação concreta na relação histórica dos Parlapatões com o teatro de rua e com o entorno de sua sede, reafirmando o significado democrático dos espaços públicos da cidade.

As histórias contadas pelos Parlapatões

Cabe aos Parlapatões contarem cinco histórias em cada dia e o grupo convidado outras cinco. Partimos tanto de adaptações diretamente feitas da obra de Boccaccio quanto textos contemporâneos. Parte dos textos contemporâneos foram feitos especialmente para o grupo na edição do Festival de Peças de UM MINUTO realizado em 2020 durante a pandemia. Foram peças apresentadas on line ao vivo do palco do Teatro Porto Seguro, envolvendo mais 40 dramaturgos e 10 diretores convidados, que na Ocupação Decameron ganham nova versão para teatro de rua.

A Bolero Freak e os Parlapatões

A banda Bolero Freak nessa interação com os Parlapatões, que nasce na montagem de O Rei da Vela e tem sequência na presença constante da banda na Missa do GaLHo e nos shows realizados no palco do Espaço Parlapatões. Para além das fronteiras e gêneros musicais, explorando com muito amor e sarcasmo a musicalidade e os dilemas da geração desse início de milênio. A partir de elementos que marcaram época, ecoando nas demais gerações, abrem espaço musical para o riso e reflexão. Inspirados por Caetano, Gil, Mutantes e outros, a banda combina carimbó, ijexá, axé, rock progressivo, pop rock e funk americano e brasileiro. Com Daniel Lotoy (voz), Renato Leite (baixo), Abner Paul (bateria) e Evandro Ferreira (guitarra) a banda convida a plateia a dançar e refletir. A improvisação e o jogo cênico entre os músicos e o público tornam cada espetáculo uma experiência única.

Renata Versolatto

A parceria da cantora e atriz Renata Versolatto começa muito cedo em sua carreira, quando ela é convidada pelos Parlapatões, em 2010, para estrear o espetáculo Parapapá! Circo Musical. De lá pra cá, integrou elenco de algumas peças do grupo, como Totalmente Pastelão e O Rei da Vela, e também participações na Missa do GaLHo, Festival de Cenas Cômicas e Palhaçada Geral.
Nascida em uma família de músicos, Renata vive o ambiente artístico desde a infância. Trabalhou como cantora em diversas bandas de baile, como cantor Aguinaldo Rayol. Viajou o mundo e quando voltou a São Paulo fundou a banda Bolero Freak. Recentemente partiu para carreira solo se destacando no circuito da música independente. Tem realizado trabalhos como cantora, atriz, professora de canto, preparadora vocal e como a palhaça Popota. Participou do The Voice Brasil onde obteve grande alcance nacional.