Nada de Novo
De todos que produzimos pode se dizer que este é o espetáculo mais mutante dos Parlapatões. E também o que mais sobreviveu no repertório. São doze anos na ativa. Sua forma e formação já foram varias vezes alteradas sem que perdesse seu valor maior, a empatia com o público através de um humor cáustico.
A seguir, encontram-se os textos do programa da peça e um outro tanto de bobagens que foram publicados nos diversos programas que o espetáculo já teve: Em 91, quando começamos os Parlapatões, pesquisamos a origem da comédia sempre trabalhando com o Teatro de Rua e o Circo.
Nada de Novo com todas suas brincadeiras e suas características de teatro de variedades, de espetáculo de cabaré, traz consigo todos os princípios que sempre impulsionaram nosso jeito de criar, mesmo que nossos espetáculos sejam diferentes uns dos outros, com linguagens diferentes entre si.
Ao mesmo tempo que preparávamos números de circo absolutamente tradicionais, resgatando a milenar arte dos saltimbancos, nos dedicávamos também à obra de grandes comediantes como Karl Valentin, Groucho Marx, Três Patetas, Trapalhões, Jêrome Savary, Monty Phyton, Dario Fo, Piolim, Arrelia, Gordo e o Magro e por aí afora. Juntas, essas formas de expressão, que sempre inovaram nosso repertório, se integravam.
Esta é uma das razões de estarmos sempre colocando um número novo no repertório ou mesmo alterando a ordem da apresentação.
Além de estimulante e arriscado, este foi e é o caminho de uma linguagem que aponta o estilo de um grupo.
E será sempre um desafio constante.
Não interessa se vamos cair do trapézio ou mudar o roteiro minutos antes de começar.
Para isso, há redes de proteção.
O grande prazer é poder compartilhar esse momento com o público.
É entregar-se a essa aproximação para cumprir a nossa missão de artistas.
Tudo em nome de um desafio ainda maior, fazer de nosso humor ácido um motivo para falar da solidão humana e transformar um instante de diversão, um segundo de cena, por menor ou mais frágil que pareça, em uma reflexão agradável sobre nossas vidas.
Parlapatões
Quadros quadrados
“Vida Louca vida,
vida breve,
já que eu não posso te levar
quero que você me leve.”
(Lobão e Bernardo Vilhena)
“Que as vossas imaginações trajem os nossos reis…” (do prólogo de Henrique V de William Shakespeare)
_ Você sabe a diferença entre um tijolo e um ator?
_ Não.
_ É que o tijolo não entra sozinho em cena.
_ Por favor, aqui que está passando Tudo de Novo?
_ Não, aqui não esta passando Nada de Novo.
_ Você sabe onde está?
_ Sei
_ Onde?
_ Perdido
Nossa ficha é uma farsa, como todo o resto.
Este programa está devidamente fora de ordem para que você tenha o que fazer enquanto atrasamos o início na expectativa de uma bilheteria maior. (Ou será que começou e você nem percebeu.)