Piolim
Espetáculo em Homenagem ao Centenário do Palhaço Piolin
O circo é uma constante no trabalho dos Parlapatões. Neste espetáculo, a arte circense se tornou o tema central e a linguagem mais destacada. Tudo para contar a vida de Piolin, o palhaço que encantou os modernistas de 22.
Depois de sua estréia nacional, em 97, no Festival de Teatro de Curitiba com grande sucesso, fez sua estréia em São Paulo no dia do centenário de nascimento do Piolin. Em seguida, foi a principal atração do evento Vamos Comer o Piolim, realizado pelos Parlapatões no Centro Cultural São Paulo e que recebeu o Grande Prêmio da Crítica – APCA em 97.
Piolin revolucionou o picadeiro brasileiro dando ao circo o seu verdadeiro espaço de expressão cultural. Foi eleito pelos modernistas como um símbolo de talento e brasilidade. Marinetti, o papa do Futurismo, quis levá-lo para a Itália. O presidente Washington Luís tinha cadeira cativa para assisti-lo. Blaise Cendras declarou ter descoberto “o maior palhaço do mundo”.
No espetáculo, sua vida era contada por palhaços de hoje, que traziam a seu tempo a essência do que representou um artista popular. Se a morte solitária seria o final lógico, nesta montagem não se caia na tristeza nem na compaixão. Por isso, sua morte, engasgando com uma bala, era colocada no início do espetáculo. Piolin morto, vive no céu. E é aí, no cenário celestial, que se desenrolava o resto da história.
Nesta visão claunesca, que não se permite a lógica comum, o céu era o mundo insólito onde desfilavam números que retratavam as passagens da vida de Piolin. A relação de Piolin com seu rival Chicharrão e seu reencontro anos depois; sua obstinação pelo trabalho; o sucesso e o fim da vida na miséria eram contados em forma de números cômicos.
Um dos espetáculos onde os Parlapatões se comunicavam com a platéia de forma intensa. A atmosfera dos anos 20, através das músicas, dos figurinos e do cenário, era inspirada na influência que o circo exerceu no Futurismo, no Construtivismo e no próprio Modernismo.
Mais que contar a vida de Piolin, o texto de Perito Monteiro, vencedor do Prêmio Estímulo de Dramaturgia 94, colocava o espectador diante daquilo que Piolin tinha como essencial: fazer o público rir. Trazia à tona o que o Circo tem de mais poético, sua simplicidade.